Atraída pelo amor

By: Ana Luh

 

 

Capítulo 1

 

Meu deus. A pior coisa que acho que existe é o primeiro dia em uma escola desconhecida, com pessoas, que mesmo sendo da sua idade são desconhecidas, com professores desconhecidos e salas e corredores desconhecidos.

            Fazer o que? A escolha foi minha de mudar de cidade e morar sozinha na casa que eram de meus pais. Agora era a hora de agarrar o touro à unha.

            Agora era hora. O porteiro da escola abriu a porta do táxi e disse:

            -Bom dia, e seja bem vinda.

            -Olá. – Eu disse dando um sorriso, que eu sabia que não mostrava nem um pouco de confiança. Passei pelo portão da escola, abarrotado de alunos animados com o primeiro dia de aula. Comecei a andar pelo corredor lotado procurando a coordenação. Estava assim, andando perdida, quando ouvi uma voz se sobressair, sobre as outras.

            - Oi! Tudo Bem? – Eu arregalei os olhos por um segundo examinando o garoto que estava falando comigo.

            - Oi, tudo...

            - Precisa de ajuda? – Ele me deu um sorriso confiante bem reluzente.

            - Hum, onde é a coordenação?

            - É logo ali. – Ele apontou para uma grande porta que estava a alguns 15 metros, no grande corredor. Eu sorri para o garoto e olhei bem para sua face, tentando memorizá-la decididamente. Aquele não era um rosto do qual eu não ia querer não lembrar. Ele era muito lindo. Era loiro, com o cabelo como o de Justin Bieber, só que sua franja era bem mais cheia e bonita (será possível?). Seu olhos eram castanhos escuros. Ele era alto apesar de parecer ser apenas um pouco mais velho do que eu. Tinha o físico de quem praticava esportes com freqüência,

            - Obrigada...

            - Collin. – Achei exótico o fato de seu nome ser americano. Ele sorriu – E o seu é...?

            - Nicolly. – Ele ergueu as sobrancelhas. Então olhei para os garotos que o estavam chamando, mas Drew parecia não ouvir. – Anh, acho que se você não for agora, ele vão pirar....

            - O que? – Ele pareceu confuso. Eu inclinei a cabeça em direção aos garotos que o estavam chamando. Pareciam não ter coragem para se aproximar de nós. Estranho...

            - Ah, eles. É, é melhor. Hum, a gente se vê por aí.

 

Andei com passos rápidos, olhando para o chão, cuidando de meus pés. Não seria uma boa primeira impressão, se eu caísse do nada, no meio do corredor movimentado.

Cheguei na sala que continha uma placa: Coordenadora cuidando de meus pl Uberlandense.ça.

briu a porta do carro e disse:

sconhecidos.

ade s. A porta (ou melhor, as portas) eram de madeira envernizada, e suas maçanetas eram forjadas com aço. Bem, era muito bonita.

Naturalmente, bati na porta, que rapidamente se abriu, e uma senhora de uns 60 e poucos anos, com cabelos grisalhos sorriu para mim dizendo:

            -Nicolly, eu estava me perguntando quando você apareceria...

            - Olá, Sra. Murts.

            - Querida, pode me chamar de Roberta. A procura de sua sala não? Bem, suba a escada, vire a esquerda, é a segunda sala. Você quer que eu suba com você? Deve estar nervosa com o primeiro dia...

            - Não, obrigada, Roberta – Sorri. Com certeza eu não era a única novata na escola.

            - Nicolly, se estiver precisando de qualquer ajuda com a casa é só me ligar, ok?

            - Obrigada, mas está tudo bem – Eu franzi a testa. Como ela sabia que eu morava sozinha?

            - Sabe – Ele se apoiou na porta -, sou uma amiga antiga da sua mãe. Fiquei surpresa ao saber que eles a deixaram morar sozinha. Mas – ela pegou na minha mao -, se precisar de qualquer coisa, pode contar comigo. Qualquer coisa, tudo bem?

            - Entendi. Obrigada. – Eu agradeci novamente. Ela me deu um sorriso, entrou em sua sala e fechou a porta.

            Eu subi a escada, silenciosamente, e olhando para baixo, entrei na minha nova sala de aula. Sentei no primeiro lugar vago que encontrei. Uma garota loira, com olhos que eram indecisos entre o azul e o verde, olhou para mim e meu deu um sorriso, eu retribui:

            - Você é nova aqui, não é? – Ela virou seu corpo inteiro na cadeira de modo que se virou para mim.

            - Primeiro dia. E você?

            - Estudo aqui, faz 5 anos. – ela soltou uma risada amigável – Você é da cidade?

            - Não. Mudei para cá, faz 3 dias. – Eu tirei os olhos de meus cadernos que eu havia acabado de tirar da mochila e olhei para ela. Eu acabava de olhar para ela, quando vi duas garotas se aproximarem. Eram mais ou menos da minha altura, 1,60 e pouco. Uma delas tinha cabelos grossos, lisos, e castanhos escuros. Podia facilmente ser comparada a um palito. Tinha um pouco de cintura, seu cabelo dava certo com o formato de seu rosto, com olhos grandes e castanhos, e uma boca que se abria em um sorriso.

A outra garota tinha o cabelo fino meio enrolado, meio ondulado, e era mantido curto, na altura dos ombros. A segunda menina parecia alguns centímetros mais alta do que eu. Usava óculos, na frente de olhos também castanhos, da cor das sobrancelhas e cabelos. Ela me deu um sorriso pacífico e voltou seu olhar para a garota que eu acabara de conhecer.

            - Mê, quanto tempo... Você não entrava no MSN. Por que sumiu?

            - Me desculpem gente. Estava ocupada com o Lucas – As duas garotas se entreolharam - Aliás, eu queria apresentar a... – ela olhou para mim com os olhos pedindo ajuda.

            - Nicolly. E vocês são...?

            - Eu sou Melissa, mas todo mundo de chama de Mê. Sabe, Mel é muito comum. E eu sou única. – ela revirou os olhos como se isso fosse algo que todos devessem saber - ela é a Malu – ela apontou para a primeira garota de cabelo longo e castanho. – e essa é a Gabi. - ela apontou para a garota de óculos.

            - Oi – as duas murmuraram, me dando um aceno com a cabeça. – Você é daqui? – Malu me surpreendeu, perguntando isso.

            - Não, ela se mudou a 3 dias. – Mê disse por mim

- Eu nunca mudei de cidade. Era legal onde você morava?

            - Bem, era muito legal. Mas estou acostumada com isso...

            - Como assim acostumada? – Gabi perguntou

            - Aqui é a minha nona cidade. Meu pai é transferido de vez em quando. Então eu me cansei dessa vida. Eu resolvi vir para um lugar sozinha, claro que com o auxílio de meus pais... – Eu dei um sorriso para as três garotas que me olhavam com olhar perplexo.

            - Você mora aqui sozinha? Nossa... mas isso é... – Gabi começou a dizer, mas parou a frase no meio, quando o sinal tocou informando o começo de minha primeira aula, e Malu e Gabi que ainda estavam em pé tiveram que ir para seus lugares. Malu estava do meu lado direito, e Gabi estava atrás dela, do lado de Mê, que estava atrás de mim.

            A professora que entrou era magra, tinha cabelos enrolados e negros. Entrou com um

sorriso resplandecente no rosto, olhando para todos os alunos da sala.

            - Bom dia turma, para os novatos, o meu nome é Patrícia e eu sou Prof. de português...

- Ela continuou fazendo sua apresentação, e nos passou uma revisão do ano anterior. O sinal tocou, e entre o intervalo da troca de Profs., Mê me pediu uma de minhas canetas coloridas. (Sempre tive muito capricho com meus cadernos.) Ela explicou aos meus olhos curiosos, que estava escrevendo uma carta para o namorado, que estava na sala ao lado.     

            - Ele está no 2º ano do Ensino Médio. – Ela soltou um sorriso acanhado. Então quando fui colher mais informações sobre seu namorado, o novo Prof. entrou.

            - E aí turma! Como foram de férias? – Houve vaias, risos e muitos comentários, e alguns alunos soltaram frases como: ‘’Não fiz nada, as férias todas. Foi um pé no saco.” Na certa haviam alunos naquela sala que consideravam mexer no computador, assistir TV ou ficar até tarde fora de casa nada. O professor tinha uma camisa bufante branca, uma calça jeans com boca aberta. Ele usava óculos redondos, e finos, que davam certo com o formato de seu rosto, encoberto por grossos e longos cabelos que iam até um pouco a cima das costas. Minha deusa! Ele era um Hippie daqueles. Uma grande figura, eu diria.

            - Vejo que temos dois novatos, nessa sala. – Ele se virou para um garoto que não pude ver direito – Qual o seu nome? 

            - É Henrique – O garoto parecia tenso perante a sala que o encarava. Eu me senti mal com o pensamento, e por isso não olhei mais para ele.

            - Prazer Henrique, eu sou Valdimir, mas pode me chamar só de Val, como todo mundo. – Val se virou e veio em minha direção. – O seu nome querida?

            - Nicolly. – Ai, que constrangedor! Acaba com essa tortura logo!

            - Você é daqui mesmo, Nicky? – Ele me olhava com olhos pretos interessados. Ai, nem meia manha de aula, e já tinha apelido... Interrompi minha mente para dar uma resposta.

            - Venho do triângulo mineiro. – Eu respondi para apenas ele, mas todos haviam se calado para me ouvir, de modo que minha resposta causou tumulto na sala.

            - Eu também venho de lá. Mas estou aqui há muito tempo... Bem, turma – ele se virou para a classe – Vou passar uma revisão sobre os fatos históricos mais importantes que estudamos ano passado. A matéria muda no primeiro ano, por isso, prestem atenção. Abram seus cadernos, e copiem a revisão do quadro. As vezes rolavam palhaçadas. Como a que aconteceu quase no fim da aula. A matéria que Val despejava era gigante, de modo que quando ele apagou o quadro lotado de matéria, muitos alunos soltaram baixinhos Iuhuus. O hilário foi que Val começou a despejar mais matéria no quadro, e um dos garotos, que sentava na frente fez a inteligente pergunta:

            - Val, é pra copiar isso também?

            - Não, Tiago. Você tem que pegar uma grande máquina de Xerox, e xerocar a matéria, ok? Para que servem os cadernos, não?– Ele se voltou para o quadro e continuou a escrever. Parecia que ele não ligava para os “pés no saco” da sala, e suas perguntas.

            O resto da aula foi só revisão. O sinal tocou e o próximo Prof. já estava na porta.

 

Minhadeusadocéu! Ele era sinistro. Tinha o cabelo loiro, mas seus olhos eram escuros e frios como pedras. Ele era mediano, e magro. Não tinha um único sinal de felicidade em seu rosto. Ele tinha um olhar ameaçador, que era lançado sem moderação para a classe. Eu me encolhi em minha carteira.

            - Pagina 8, do livro de Geometria... façam do 1 ao 25, na pagina de exercícios. – Eu arregalei os olhos para Malu, que me explicou:

            - Esse é Terry. Ele é do mau... deve ser razão do nome – Eu soltei uma risadinha que não escapou dos ouvindo de Terry.

            - Maria Luíza, que prazer rever a senhorita, novamente. – Terry olhou com um sorriso para ela, que se encolheu mais que o possível, então o prof. Se virou para mim. Eu arregalei os olhos.

            - Você deve ser a Bates. Por que não faz o exercício 23 no quadro, na frente da sala?

Eu peguei o livro de geometria, e olhei para Me, ela me devolveu um olhar assustado. Geometria era o maior desafio da minha vida. Literalmente. E agora ia fazer um exercício na frente da sala inteira. Inferno. Estava pegando um pincel atômico, quando uma garota com cabelo longo preso em um rabo de cavalo, e óculos, falou para Terry:

            - Não da para fazer esse exercício, prof. Nós ainda não aprendemos como resolvê-lo. – Um garoto que estava de boné cobre os cabelos escuros meio enrolados chamado Tiago, que também estava com o livro em cima da cadeira olhou para Terry – É verdade. É impossível. – Tiago olhou para mim, deu uma piscadela e um sorriso que retribuí,junto de um suspiro.Tumulto foi causado na sala, alunos querendo dizer que o exercício era impossível de se resolver sem haver uma explicação antes.

            - Humph, aposto que a Srta. Bates consegue fazer essa idiotice.

            - Na verdade, não – Eu olhei para do exercício para o chão.

            Ficamos a aula tentando resolver os exercícios de geometria o que foi muito difícil. Sem a pedida explicação de Terry. Como será que ele havia conseguido emprego? Felizmente o sinal tocou informando o intervalo. Uma onda de alunos deixou a sala, e vi que Tiago veio em minha direção.

            - Obrigada... – disse a ele.

            - De nada, você vai se acostumar com ele... – me deu um tapinha nas costas, uma piscadela e foi para fora da sala.

            Eu comecei a me levantar, quando um garoto incrivelmente lindo entrou na sala de aula, após todos os alunos saírem, e só sobrarem, eu minhas novas amigas, e um grupo de 3 meninos, no outro lado da sala.

            - E aí gata, beleza? – ele chegou em Mê, passou o braço em sua cintura e lhe deu um beijo apaixonado. Me senti mal na hora. Eu achei o cara supergato, e agora ele e Mê estavam juntos. Ai! Como eu ia saber que aquele era o namorado da Mê? Ele era alto, magro, porém tinha um pouco de músculos que provavelmente conseguira com musculação. Seu olhos eram como os de Mê, indecisos entre o azul e o verde. Então me lembrei de que ele era um dos garotos que estavam mexendo com Collin no inicio da manha.

            - Oi, Lucas. Deixa eu te apresentar a Nicky. Nicky, esse é o Lucas, meu namorado.    

            - Oi Nicky. Está gostando da escola?

            - Estou, obrigada...

- Vamos lá pra baixo? – Gabi, fez uma careta quando seu estômago roncou de fome.

- Claro. Também to morrendo de fome – Malu respondeu

- Isso aí! – Lucas deu um sorriso encorajador para mim, que eu correspondi.

 Mê me deu outro sorriso, e me puxou pelo pulso, através de sua mão livre (a que não estava colada na cintura de Lucas), me levando até a lanchonete.

            Eu havia acabado de sair com a Malu da fila abarrotada de alunos querendo comprar algo, quando esbarrei em alguém, fazendo meu copo de suco de uva, quase derramar sobre minha blusa azul clara.                  

           

 

 

 

Capítulo 2

 

            - Dá passagem, garota. Sai daqui que eu preciso... – a garota agora me olhava com um interesse, mas ao mesmo tempo, com desdém. – Anh... Você não é aquela novata do 1º ano? Como é seu nome? Vicky...?

            - é Nicolly. E não se mete Beatriz, ninguém te chamou aqui, garota. – Malu olhava com ódio para a garota, algo que a fez recuar, com certeza. Beatriz, porém, não devolveu uma resposta se virou para mim.

            - Nicolly, para que andar com essas meninas? Fica aqui com a gente. Posso te mostrar companhias melhores...

            - Não, obrigada. Acho que posso escolher as companhias que acho melhores sozinha. E acho que escolhi as melhores, aqui. – Peguei no braço de Malu, que me devolveu um sorriso iluminado.

- Você não quer encrenca comigo, pode crer.

- Se você não nos deixar em paz, é o que você terá, uma encrenca comigo.

- Humph. Vamos meninas. Você vai se arrepender de estudar aqui comigo enfernizando sua vida... – Ela me ameaçou e virou a cabeça para duas ruivas que a seguiam, e foi andando como se fosse a rainha do mundo.

            - Ui, Nicky enfrentando a maldita do inferno já no primeiro dia... – Ouvi Mê dizer, e me lembrei de quando li o primeiro livro da série House of Night, onde a aparentemente garota malvada é chamada de maldia do inferno  

- Não liga não. Ela é só uma maluca que se acha. Daqui a pouco você nem vai agüentar a menina... maldita do inferno... – Malu disse.

            - Esse não é aquele nome que a Zoey da morada da noite dá pra Aphodite, já no primeiro livro da série... – Ela me cortou:

            - Não acredito! Você também leu a série HON*? Ai. Minha...

            - Deusa. – Eu completei a frase, imitando duas personagens da série. Malu começou a dar um sorriso dos grandes, quando Mê chegou junto de Gabi, eu, Malu, Lucas e Gabi e disse:

            - Ai meu deus! Agora são duas para nos encher de coisas desses livros... eu mereço...

Ficamos andando pela escola, enquanto comíamos, e a turma me mostrava as outras salas, pessoas que conheciam, banheiros e outras coisas, que haviam na escola. Ficamos conversando até que Lucas fez sinal para um garoto que em uma palavra era megagostoso.  Quando ele se virou pude ver seu rosto. Vi então que era Collin, o garoto super gato que havia me ajudado no começo da manha. Pude perceber que era tão musculoso quanto Lucas e não era (nenhum dos dois) daqueles tipinhos de caras que são magricelas, e desleixados, que não gostam de praticar esporte. Lucas nos apresentou:

            - Collin, essa é a Nicolly. Ela se mudou a pouco tempo.

            - Ah, oi de novo Nicolly. Conseguiu encontrar sua sala, não é? – Ele me olhou interessado. Dei um sorriso.

            - É... encontrei sim. Aqui é bem diferente da minha antiga escola, mas estou gostando também.

            - Espera aí! Vocês já se conhecem? – perguntou Melissa perplexa.

            - Oi Lucas, tudo bem? – Uma garota loira olhou para ele, e depois encarou Me (que estava sob o braço de Lucas) por alguns segundos

            - Oi Natasha. – Ele a cumprimentou, mas não deu importância a Natasha.

            - A gente se vê depois, ok? Estou meio ocupada agora – Ela praticamente se jogou em cima dele. Ele não se importou. Vi Me se encolher sobre o abraço de Lucas.

            - É, tenho certeza de que está muito ocupada. A gente se fala depois, ta?

            - Ah, claro. Depois... – Ela se virou, encarou Me e foi embora.

            - Ai, como eu odeio ela... – Me disse.

            - Calma Me – disse Lucas, colocando uma mecha de seu cabelo para trás da orelha. – Ela só quer mexer com você. Não deixe que ela te atinge.

- Então, vocês já se conhecem? – Malu repetiu a pergunta

- Collin me ajudou hoje de manha. Me levou até a coordenação.

- Foi só uma ajuda – Collin me deu um sorriso.

- Eu achei engraçado... Então era você Nicky? Junto com o Collin. – Ele passou o braço pela cintura de Me, e Collin se virou para ele.

- Podemos conversar?

            - Claro cara. – Ele deu um beijo em Me e saiu andando com Collin, em direção a sua sala.

            - Então o que você acha se hoje a noite... – A voz dos dois foi sumindo, enquanto eles se afastavam. O sinal bateu e tivemos que voltar para a aula.

            A aula seguinte foi uma das melhores que eu já tive, apesar de ter sido constrangedora. Tivemos que ir para a sala de música, onde teríamos aula, com Srta. Maukes. Malu me dissera que ela era Russa, e ainda tinha um sotaque carregado de sua terra. Após perguntar meu nome,

ela me perguntou se eu sabia tocar algum instrumento musical. Segurei um ataque de riso ao ouvir seu sotaque misturado a língua portuguesa.

- Toco piano desde os oito anos...

            - Ótimo. Por que você não vai até ali, e toque uma para nós? – Ela me deu um sorriso encorajador, logo após minhas maçãs do rosto esquentarem. Eu olhei para o piano de calda que estava logo ali, a alguns passos, e virei o olhar em direção as minhas três amigas, que me deram olhares e sorrisos encorajadores.

            - Tudo bem, então. – Eu andei até o piano, e me sentei. Lancei um olhar para Beatriz que me olhava com olhos pegando fogo de tanto ódio, algo que ignorei. Coloquei as mãos nas teclas certas e comecei a tocar ‘’The Call’’ de Regina Spector. No fim, os alunos aplaudiram, e vi com

visão lateral, que Beatriz estava olhando para o lado, na certa, não esperando o sucesso que minha música seria...

           

           

            - Nossa Nicky, você foi de mais, lá na aula de música!- Malu disse no fim da aula. Estávamos no portão da escola esperando nossos pais, e conversando

            - É verdade. Você tem um dom! – Mê disse

            - Quem tem um dom? – Lucas chegou nas nossas costas.                     

            - A Nicky. Ela arrasou no piano na aula de música...    

            - Você toca piano, Nicky?

            - Toco – eu dei um sorriso constrangedor.

            - Gente, to indo nessa. Minha mãe chegou. Malu, você quer carona?

            - Claro, Gabi. Bye pessoal.

            - Tchau – Eu, Me, e Lucas dissemos.

            - Então... Eu tava pensando... O que vocês acham de pegar um cinema hoje a noite? Tem um romance passando às 19h30min, hoje e ... – Lucas olhou para nós com expectativas.

            - Claro, por que não? – Mê o interrompeu com entusiasmo. Lucas viu que eu não havia respondido.

            - Nicky, acho que Collin pareceu bem interessado em você. Ele que deu idéia de irmos nós quatro. O que você acha?

            - Hum, tudo bem. – Não pude conter um sorriso. Collin parecia um cara bacana, e não seria mal conhece-lo um pouco mais... Foi quando olhei a vã preta parada na esquina que viria todo dia me trazer e me buscar. – Tchau gente. Tenho que ir.

            - Tchau Nicky... Ah, Nicky! Me de o seu endereço. - Lucas me disse.

            - Para que?

            - Meu motorista vai passar na sua casa por volta das 06h30min ok? – Eu escrevi meu endereço e telefone em um pedaço de papel e dei a ele.

            - Nossa – ele levantou o rosto ao ler o papel. – Você é vizinha da Me, a casa dela é nessa rua, o seu nº. é 73. O dela é 93.

            - Legal, então eu vou pra sua casa, Nicky. Aí ele pega a gente em um lugar só, tudo bem?

            - Ta, te vejo lá. Tchau – Eu fui para o carro correndo, entrei lá e me sentei. Fui pensando em minha nova vida, até que cheguei em minha nova casa. Acho que agora passaria menos tempo sozinha. Logo ouvi Me bater na minha porta:

            - Quer almoçar lá em casa?

        - Claro, por que não? – Eu já sabia cozinhar, mas gostaria de ter companhia que não fosse minha cachorra.

            Eu fui até sua casa, onde a mãe dela me conheceu. Ela pareceu intrigada com o fato de eu morar sozinha. No meio da tarde fui embora. Agradeci o almoço e fui para casa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo 3

 

Assim que cheguei, abri meus livros e estudei o primeiro capítulo de cada matéria. Quando terminei, fui arrumar meu quarto. Sentei-me no Pufe cor de rosa, e comecei a ler Tentada*, novamente, até que cochilei. Acordei com o despertador do meu celular tocando Man, I fell like a womam, de Shania Twain. Eram 17h30min. Fui tomar banho, e juro pela deusa, que fora o banho mais caprichado que já tomara na minha vida. Saí do banheiro com a toalha enrolada, e fui escolher o que vestir. Optei por um shorts jeans, uma blusa preta aberta nas costas, e uma sandália com um salto de 3 centímetros. A campahia tocou, e eu abri a porta para Me. Entramos, e ela enlouqueceu com minha cachorrinha Yorkie.

            - Quantos anos essa fofura tem?

            - 6.

- Meses?

            - Anos.

            - Nossa! – A Holly era muito pequena para parecer ter 6 anos, mas era a realidade.

            - Ah, eu queria ter uma, mas minha mãe é alérgica. Ela dá muito trabalho?

            - Não, fica quietinha, tendo comida, água e um lugar de privacidade, fica tudo bem. Exceto quando alguém entra ou sai de casa, como agora. Ela não é assim normalmente. Mas quando vê alguém, fica maluquinha. – Eu me abaixei e Hol ficou de barriga para cima, eu comecei a coçar sua barriga. Ela começou a bater a patinha traseira. Me soltou umas risadinha.

            Deixei Me com Hol, e subi até meu quarto onde peguei minha bolsa (preferida) e uma jaqueta, e desci novamente quando a companhia tocou novamente, e Lucas abriu a porta de sua BMW para nós. Fomos a caminho do cinema, e quando chegamos lá, Collin já estava com dois ingressos comprados em uma das mãos. Ele estava tão elegante quanto Lucas. Usava uma calça caqui, uma blusa de manga comprida não muito grossa, e uma jaqueta de couro por cima. Ele nos deu um sorriso e disse:

            - Já comprei o seu. – E me entregou um dos ingressos. Nossa! Eu havia pensado qualquer coisa, menos que um dos ingressos era para mim.

            - Obrigada. Lá dentro eu pago ta? – Eu já estava corando.

            - Tudo bem – Ele falou como se estivesse desatento, olhando para o outro lado.

            Lucas foi comprar o ingresso dele e de Mê. Quando entramos, ouvi Collin murmurar com a atendente do cinema escondido de mim.

            - O dinheiro dela é falsificado. Pode deixar que eu pago por ela. – Não é que o safado conseguiu não só pagar o ingresso, como pagou a pipoca, as balas e os refrigerantes também? A atendente piscou para ele, quando entendeu que sua intenção era pagar tudo para mim, e entrou na dele. Revirei os olhos para ele, mas não disse nada. Pelo visto, não adiantaria.

Sentamos mais no fundo, na posição, Mê, Lucas, Eu e Drew. O filme foi muito menos interessante a partir do momento em que Collin (já no começo do filme), colocou a sua mão sobre a minha. Senti meu rosto corar mas reagi como se não fosse nada de mais e apertei levemente sua mao. Passou-se um tempo, senti Collin deslizando a mão por meu ombro esquerdo. Os braços das cadeiras eram flexíveis. Em um momento deixei minha bolsa cair, e me abaixei para pega-la. Quando me sentei de novo notei que braço da cadeira que dividia o restante de espaço entre eu e Drew estava suspenso. Seu braço foi descendo por meu ombro até que chegou a minha cintura. Ele me puxou mais pra perto de si, mas não muito. Continuamos assistindo em silêncio, ouvindo de vez em quando sussurros de Mê e Lucas, que estavam com certeza se pegando, de meu outro lado. Algumas vezes ouvíamos asneiras ditas por Me ou Lucas. Nós nos olhávamos e soltávamos baixas risadas. O filme acabou e nenhum de nós não falamos sobre o filme, afinal, ninguém havia prestado atenção na história. Eu não sabia nem qual era o título o filme. Ficamos em silencio até que Lucas nos ofereceu carona, como um cavalheiro. Vendo que Collin estava sem amparos, ofereceu carona para ele também, que aceitou quase que imediatamente. Collin se sentou do meu lado, e colocou sua mão na minha. Ficamos em silêncio até que ele disse:

            - No próximo sábado vocês têm compromisso? – Como todos nós dissemos não, ele continuou – Vou fazer uma festa em comemoração ao meu aniversário. Lá pelas dez, as pessoas vão começar a chegar. Mas se vocês quiserem ir mais cedo, podem ir.

            Aceitamos, é claro, afinal, quem rejeita uma boa festa na piscina? O motorista chegou até a casa de Mê e a deixou lá. Mais abaixo estava a minha. Eu disse que não precisavam me deixar na porta de casa, mas ninguém me deu ouvidos. Quando levantei para sair, e estava quase fechando a porta Collin me olhou de cima a abaixo, e disse com um sorriso:

            - Você está muito bonita, sabia? – Como não corar a um elogio desses?            

            - É verdade, Nicky. – ele riu – Eu amo a Mel, sempre vou amá-la. Não que signifique que você não está gata. Pelo contrário. Hum, o que você vai fazer amanha?

            - Desembalar caixas. – Eu sorri.

            - Você quer ajuda? – Collin me perguntou com um olhar esperançoso.

            - Tudo bem – Eu passei minha franja que estava caindo no olho para trás, meio sem jeito.

            - Legal, a que horas, você quer que eu passe aqui?

            - Hum, - pensei um pouco – Ah, a hora que você quiser.

            - Pode ser de manha? O trabalho vai render mais...

            - Claro – falei rápido de mais. Corei. Collin notou e me deu um sorriso. – A gente se vê amanha, Nicky. – Ele fechou a porta, depois de piscar para mim, e eles se foram.

            Peguei minhas chaves e entrei em casa.

Ai, esse seria o melhor ano da minha vida!

            Subi até meu quarto, troquei de roupa. Fui até o banheiro e tirei minha maquiagem. Voltei ao quarto e apaguei todas as luzes, menos a do abajur. Continuei lendo meu livro, porém sem prestar atenção nas palavras que P.C Cast e Kristin Cast colocaram nas páginas. Estava entretida, pensando em como Collin era um cara legal. Será que eu teria sorte com um cara daqueles? Eu não tinha uma grande hitória amorosa. Apenas havia tido um namorado desde a segunda série. Assim que cheguei no nono ano, nós terminamos. Ele era com certeza o cara mais possessivo e pegajoso do mundo. Mas Collin era diferente. Ele parecia gostar de verdade de mim. E... e... eu acho que gostava dele também. Ai meu deus! O que eu faria? Logicamente não contaria aos meus pais. Eles teriam um ataque, e me mandariam de volta para casa. O fato de eu morar sozinha já os preocupava de mais. Peguei meu laptop. As poucas coisas que meus pais haviam me ajudado a arrumar já, eram o piano, a internet e o telefone, para manter contato com eles.

Mandei um recado ao email de minha mãe. Expliquei que fora ao cinema com uma amiga (sem chance de eu mencionar os dois caras), que por coincidência, era minha vizinha próxima. Disse que estava com saudades, e quando desse eu ligaria. Falei sobre a escola, e minhas amigas. Depois mandei um beijo a minha mãe, meu pai e ao meu irmãozinho mais novo. Logo ela me responderia.

            Fechei o laptop, e como não conseguia dormir, fui tocar piano. Era muita sorte, meu pai ter achado um caminhão para transportar o piano que fora de minha avó. Eu toquei até meus dedos ficarem dormentes. Fui para a cozinha, acordando Holly que dormia em sua almofada, no canto. Peguei as coisas dela, levando para o lado de minha cama, em meu quarto. Ela rodou duas vezes em sua almofada verde (que já estava ficando suja) e se deitou. Eu levaria Holly ao petshop na segunda para um belo banho e trocaria a almofada. Fiquei com a mão perto da cabeça de Holly, acariciando suas orelhas de gatos. Ela adormeceu com a mesma facilidade com que acordou. Eu fui até a janela, e a abri. Senti o vento frio em minha direção. Como estava bom, ali. Eu ficaria naquela posição para sempre, se o sono não tivesse chegando. Voltei para a cama nas pontas dos pés, para não acordar Holly, que com certeza ficaria rabugenta e zangada comigo, se fosse acordada novamente às... eu olhei no relógio, 2:30 AM. Meu deus. Eu precisava dormir. Aconcheguei-me nas grossas cobertas com desenhos chineses pretos desenhados no tecido branco. Afundei meu corpo no colchão e dormi. Tive um sonho colorido e lindo, porém rápido. Vi o rosto de Collin piscando para mim, quando acordei.                                              

 

 

                       

 

Capítulo 4

 

Acordei com Holly em cima de meu rosto.

            - Sua doida. Para com isso – Eu comecei a rir com as cócegas provocadas enquanto ela me lambia a bochecha. Tirei ela de cima de mim, arrumei minha cama, troquei de roupa, me arrumei e fui tomar café. Coloquei ração na tigela de Holly, e fui pegar uma para mim. A despensa era o único lugar da sala completamente arrumado. Peguei um pacote de sucrilhos e leite, e me sentei na mesa. Holly logo terminou com sua ração, e ficou em baixo da mesa pedindo sucrilhos. Peguei um e dei a ela. Ela engoliu sem mastigar e voltou a abanar o rabo e pedir mais. O estomago dela não tinha fundo. Lavei a louça quando terminei, e subi para o banheiro, para escovar os dentes. Fui tocar piano. Minha meta para esse ano era tocar ``Sonata ao Luar ``. Nas terças eu teria aula de piano na escola de música. Estava doida para começar.

            Estava tocando o primeiros quatro compassos de Sonata ao Luar, quando Holly começou a latir e ir em direção a porta. A campanhia tocou. Eu me levantei do piano, fui até a porta e abri para Collin.

            - Oi Collin. Entre.

            - Oi Nicky – Ele sorriu e entrou.

            Holly foi em sua direção e começou a deitar de barriga para cima, pedindo carinho. Ele riu e s abaixou para fazer carinho em Holly.

            - Vamos Hol, não amole ele, sua bobinha! – Ela se virou quando ele se levantou, e começou a pular em sua perna. Eu me abaixei, de modo que ela veio até mim. Fiz carinho atrás das orelhas, onde ela se acalma. Me levantei e ela acalmou. Collin se aproximou de mim e disse:

            - Por onde começamos?

            - Hum, pela sala, acho. – Nós fomos até a sala. Ele se sentou no sofá e começou a tentar cortar a fita adesiva com as mãos. Fui até a cozinha e peguei duas facas. Voltei a sala e disse:

            - Ei, Collin, pense rápido – E fingi jogar a faca afiada para ele. Ele achou que eu ia jogar de verdade, e se preparou. Quando viu que eu não joguei, me olhou com cara de tédio. Me aproximei dele, e entreguei a faca para ele. Começamos a cortar a fita adesiva, e abrir as caixas. Pegamos todas com o destinatário ```sala de estar`` rabiscado na tampa, e levamos para o cômodo. Comecei a achar que estava muito silencioso, então subi até o meu quarto, onde peguei meu som e o levei para baixo. Liguei na tomada, e liguei na radio. Começamos a cantarolar a música e Collin comentou:

        - Nossa Nicky! Você podia ser cantora! – Não era a primeira vez que ouvia esse comentário, mas corei mesmo assim.

            - Obrigada.

            - De nada – Nós continuamos cantando as músicas que estavam tocando e desembalando as caixas, até que todas que eram para aquele cômodo foram abertas. Comecei a tirar os enfeites e peças e colocar nos melhores lugares. Collin me ajudou a colocar cada peça em seu devido lugar, quando percebi que já eram meio dia.

            - Vou preparar o almoço.

            - Quer ajuda?

            - Não, não precisa. – Eu sorri e fui para a cozinha, colocar uma pizza pra assar. Sem essa de cozinhar no sábado. Marquei no relógio do forno, o tempo da pizza e voltei para a sala e percebi que Collin não estava mais lá. Quando fui me virar para ir procurá-lo, senti algo segurando meus braços, me prendendo. Alguma coisa escura me vendou e eu comecei a gritar e a bater e chutar para todos os lados. Senti a lamina de algo bem afiado encostar em minha garganta e parei de me mexer.

            - Fica quietinha, para não se machucar, garota – Ouvi a voz de um homem atrás de mim, e u sabia que não era a voz de Collin. – Agora me diz qual é a seqüência, ou acabo com você!

            - O que?

            - A sequencia, me diga.

            - Eu não sei de nenhuma sequencia. – Comecei a entrar em pânico. O que aquele homem queria? Como tinha entrado? E o mais importante, onde estava Collin? Será que estava machucado? Eu precisava encontrá-lo.

            - Você sabe sim. Não sou paciente, garota. Diga, ou eu te mato. Um... – Eu tinha que pensar em alguma coisa... qualquer coisa...

            - Dois... – Senti a pressão da lamina contra o meu pescoço.

            - Ter... – Quando ele foi dizer três, ouvi o barulho de algo se quebrando. O homem estava desmaiado. Então senti a dor. Quando o homem caiu, a faca ainda estava em sua mao, que deslizou pelo meu braço esquerdo. Collin tirou minha venda e então disse:

            - Ai Nicky! – Eu olhei para o homem caído no chão, para o vaso espatifado em mil pedaços, para Collin aterrorizado e finalmente para meu braço ver o estrago feito e achei que podia ter sido pior. Podia ter sido o meu pescoço. Ele pegou o celular, e o ouvi dizer enquanto eu pegava um pouco de gaze no banheiro de baixo.

           - Policia, por favor! Um homem entrou aqui,e ameaçou minha amiga e invadiu nossa casa. – Nossa? - O endereço? Vou passar.

            Peguei um pedaço de gaze e dobrei varias vezes e coloquei sobre o corte fundo provocado pela faca. Ele começava no antebraço mais não devia passar dez centímetros. Só fiquei preocupada com a profundidade do corte. Apertei contra a pele, fortemente e retirei. Ainda saia bastante sangue. Limpei em volta do machucado, o máximo que pude, peguei uma gaze limpa e enrolei em volta do corte e prendi com um pedaço de esparadrapo. Voltei a sala. Collin disse:

            - A policia esta vindo. Como esta seu braço? – Ele colocou a mao em meu ombro bom e me abraçou com forca, sem me machucar – Quem era aquele homem? O que ele queria?

            - Eu não sei. – De repente perdi o controle. – Ele te machucou? – Notei que lagrimas desciam por meus olhos. Ele passou o dedo, enxugando-as, mas maia lagrimas caiam, e ele me olhou no fundo dos olhos – Você esta preocupada comigo? Foi você quem quase morreu, Nicolly Eu ouvi a porta se abrindo e o vi antes de ele me ver. Ele pegou a faca em cima da mesa. Eu ia te avisar, juro que ia. Mas não deu tempo. Ele começou a entrar na casa, e eu me escondi, se ele não soubesse que eu estava ali, talvez pudesse pega-lo de surpresa. A primeira idéia que me veio na cabeça foi o vaso na cabeça dele. Eu o abracei com mais Força.

            - Ele podia ter visto você. – Eu comecei a chorar mais.

            - Calma Nicol, vai ficar tudo bem. – Ele pegou as fitas adesivas que havíamos arrancado, e colocou nas mãos do homem. Peguei algumas e amarrei em suas pernas. Aproveitei e coloquei uma na boca para evitar escândalos. Tirei a faca de sua mao, mas a deixei ali, como prova para a policia. Fui ate o fogão e desliguei o forno. Eu e Collin havíamos perdido a fome. Voltei para sala e encontrei Collin sentado no sofá. Me aproximei dele, e ele pegou em minha mao, me puxando para seu colo. Coloquei a cabeça em seu ombro, e enquanto ele mexia em meus cabelos, esperamos a polícia chegar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo 5

 

            - Seu nome é Raul Makingof. Pelos registros, trabalhou para seu pai, Srta. Bates. Mas foi preso por roubo e dois homicídios. Seu pai nos ajudou a pegá-lo, deve estar atrás de vingança, eu suponho.

- Ele disse alguma coisa sobre uma sequencia. O que é isso? Algum código?

- Sim, Srta. Bates. Achamos que ele quer a sequecia de números que abre o cofre central do banco em que seu pai trabalha. Achamos que ele queira, especificamente, a conta de sua família. E deve ter pensado que como você é filha de Roberto, devia saber a combinação.

- Mas, Dr. Skankler, se Nicky era sua única saída, por que ele iria matá-la? – Collin perguntou, segurando minha mao.

- Essa é uma pergunta que nos fazemos. Como Raul Makingof ainda está inconsciente, não poderemos interrogá-lo ainda. Agora se me dão licença, vou ver como Raul está.

            - Só mais uma pergunta Sr. Skankler. – Collin se levantou da cadeira abruptamente. Eu lancei um olhar quarenta e três para ele, mas Collin não se importou.

            - Quero saber, tem mais alguém atrás de Nicky?

            - Hum...- O detetive voltou para sua mesa, e mexeu um pouco no computador.

            - Quando ele escapou da prisão, a 4 anos , dois companheiros dele, escaparam também. Já estavam juntos antes de serem presos. Judy Rayler e Rayson Japson. São americanos, mas se mudaram para o Brasil clandestinamente. Ainda não os encontramos. Se estiverem com Raul, vamos fazer ele dizer o local onde acharemos os outros dois. – A impressora de Dr. Skankler começou a tremer, e logo duas fotos coloridas saíram dela. O detetive me entregou as fotos:

- Fique com elas. – Ele me entregou as fotos.

- Ah, Sr. Skankler, vai contar ao meu pai sobre o que aconteceu?

- É claro. Eles precisam se prevenir.

- Ah, claro. É só que...

- Você está com medo de que ele te mande de volta para casa, não é?

- Estou.

- Pode deixar comigo, eu direi a ele que você estará sendo vigiada. Isso irá tranqiliza-lo.

- Obrigada. Bom, é melhor nós irmos, Collin.

- Seu eu receber alguma notícia ligaremos para você.

- Obrigada de novo. – Nos despedimos, e saímos da delegacia. Subi na garupa da moto de Collin, e fomo para a minha casa.

Chegando em casa, liguei o som novamente, tentando fazer com que a casa nunca tivesse sido invadida. Porque eles tinham que deixar a porta destrancada?

- Collin continuou colocando as peças nos devidos lugares, enquanto fui até a cozinha. Liguei o forno novamente e coloquei a pizza para assar. Voltei para a sala e continuei guardando as peças na estante. Collin olhou para meu braço enfaixado e colocou a mao em meu ombro.

- Como está o corte?

- Está bem.

- Bem fundo?

- Um pouco, mas está doendo menos agora. Está melhor. – Era mentira. Estava muito dolorido, pelo fato de ter sido costurado por paramédicos da delegacia. Só não queria preocupar Collin ainda mais.

Ele se sentou no sofá e me sentou em seu colo.

- Você não está segura aqui sozinha.

- O que?

- Me deixe dormir aqui hoje. Vai me deixar menos preocupado.

- Collin, eu não acho que seja uma boa idéia.

- Por favor Nicky. Você sabe que não está segura. Deixe-me te proteger. – Ele aproximou seu rosto do meu.

- Você não vai ficar confortável aqui...

- Com você, eu me sinto confortável em qualquer lugar. – Ele então, me beijou suavemente. Eu correspondi, e ele começou a passar a mao em minhas costas, me puxando para mais perto de seu corpo.

Ele parou de me beijar e me perguntou:

- Posso dormir aqui?

- E seus pais?

- Para variar, estão viajando. Chegam só na quinta a noite.

- Hum, por mim tudo bem. Mas não tem a onde você dormir.

- Eu durmo no sofá. Ou se preferir, a sua cama não seria mal. Brincadeira, ta? – Disse ele sorrindo e passando os dedos por entre meus cabelos claros.

- Tudo bem. – Ele estampou um grande sorriso.

- Agora, que tal terminarmos com essas caixas?

- É mesmo, tinha me esquecido. – Então ouvi o sininho do forno tocando. – A pizza está pronta. Vou lá pegar. – Me levantei e fui até a cozinha, enquanto Collin pegava vários enfeites e os colocava nos móveis. Era bom ter uma casa enfeitada, e não aquelas casas vazias, sem nada. Mamãe renovava a decoração todo ano. Quando resolvi com ela que iria me mudar, ela me deu todos os móveis que não seriam usados. Ai que saudade.

Fui até a cozinha e peguei a pizza. Pegue dois pedaços e coloquei nos pratos. Peguei o refrigerante na geladeira e coloquei nos copos. Fui para a sala, levando o almoço de Collin. Ele se sentou e começou a comer. Voltei a cozinha e peguei meu prato e meu copo de refrigerante. Eu não gostava de beber durante a refeição, mas como não sabia como Collin almoçava, resolvi mudar meus hábitos um pouco. Fui para a sala, e me sentei no sofá ao lado de Collin. Ele havia ligado a TV e estava assistindo a uma comédia romântica. Começamos a assistir, e terminamos de comer rapidamente. Senti o braço de Collin em torno de mim, colocado em meu ombro. Não liguei. Nós já tínhamos beijado, e ainda não estava estranho. Passou-se um tempo e senti sua mao me puxar para mais perto de si. Ajudei-o, e fingindo que estava cansada da mesma posição, me mexi um pouco, ficando mais perto de Collin. No momento em que o casal protagonista do filme se beijava, no meio da chuva, Collin virou seu olhar para mim. Sentindo que ele não desviava o olhar, olhei para ele também. Ele se aproximou e me beijou novamente. Instintivamente puxei-o para mais perto (como se isso fosse possível). Sua mao desceu de meus ombros para a minha cintura. Coloquei minha mao em seus cabelo e acariciei, enquanto retribuía com beijos delicados. Eu parei de beijá-lo. Como não encontrou minha boca, Collin começou a beijar meu pescoço.

           - Collin?

           - Sim? – Ele continuou beijando meu pescoço.

           - Por que me ajudou ontem na escola? – Então ele me parou de beijar e me olhou nos olhos.

           - Eu não sei. Impulso, eu acho.

           - Impulso de que?

           - Acho que, primeiro, todo novato sente insegurança no primeiro dia. – Ele sorriu.

           - E...? – Eu senti que havia alguma coisa além.

           - E - Ele pareceu pensar em como dizer o que queria. -, assim que eu vi você por aquele corredor, eu não ouvi mais meu amigos, que estavam do meu lado. Eu não sabia por que, mas de repente tudo ficou concentrado em você. – Ele olhou para a TV, como se estivesse constrangido. Com dois dedos, puxei seu rosto com o queixo em minha direção.

           - E você sabe o por que, agora? – Ele me olhou por um momento e me beijou delicadamente. Entendi aquilo como uma resposta. Eu entendi o que ele sentia por mim. Agora era só decidir o que eu queria.

 

 

                                 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                              Capítulo 6

 

           Naquela tarde fomos à sorveteria que ficava na esquina de minha rua. Logo em seguida fomos de moto até a casa de Collin, o que devo mencionar, era uma mansão.

                - Meu pai é dono da empresa Carlerk’s. Como a matriz é em Nova York, meus pais vivem viajando, como já disse. – Collin me explicou enquanto subíamos até sua casa por uma escada de mármore, que subia junto com a grama bem cortada e verde que cobria a colina de seu jardim.

- Você é nova yorkino?

            - Sou. Nos mudamos para cá, quando eu tinha cindo anos. – Ele sorriu.

Chegamos no fim da escada e fiquei perplexa. Eu esperava ver um espaço com uma piscina e algumas espreguiçadeiras, não um pequeno clube particular. A minha vista estavam mesinhas com guarda-sol, um quiosque a poucos passos da piscina, que era gigante, e tinha uma ponte para diminuir a caminhada entre um lado da piscina e outro.

Nós entramos na parte de dentro da casa e me surpreendi mais ainda. A mobília era baseada em madeira e cores escuras, combinadas com uma cortina clara que cobria a grande vidraça da sala de visitas. Passamos pela sala de jantar, e pude ver uma grande mesa de jantar de madeira escura, como a de realeza antiga dos filmes. Seus pés continham detalhes em madeira, de entrelaces de flores e linhas, assim como as bordas da mesa. Era comprida, e devia ter lugar para umas poucas vinte e quatro pessoas ao todo.

            O chão era sempre enfeitado com tapes largos, e quando não possuía um tapete, era possível ver o enceramento regular feito. Passamos por vários quartos que estavam vazios, de acordo com Collin, até chegamos ao quarto dele. Me impressionei. A primeira coisa que vi foi uma cama king size. No chão, seguindo o padrão da casa, estava um largo tapete, que combinava com a cor de madeira clara do guarda-roupa e a cômoda onde estava posicionado seu notebook, sua mochila da escola, e sua impressora. Ele disse:

            - Sente-se, e fique a vontade Nicolly. Eu só pegar umas mudas de roupas e já vamos. – Ele sorriu e pegou a mochila da escola, tirando todo o material dali. Eu me sentei na cama e soltei um gritinho baixo. Ele se virou e riu.

            - O que foi? – Ele perguntou rindo.

            - É uma cama d’água?- Eu perguntei cutucando o colchão da cama, como se fosse um bicho.

            - É. – Ele se sentou ao meu lado. - Gostou?

            - Gostei. Só me assustei um pouco. – Eu soltei uma risadinha. Ele me olhou por um momento, sorriu, e voltou a arrumar sua mochila, abrindo varias gavetas de seu guarda-roupa. Pegava roupas e colocava na mochila. Foi até o banheiro de sua suíte, pegar suas coisas. A janela estava aberta, e senti uma rajada de vento entrar, ouvi um maço de papeis dobrados cair da cômoda. Fui até la e peguei o maço. Então vi o destinatário: Collin e um coração do lado do nome. Ouvi o chuveiro de Collin deixar a água cair. Provavelmente ele iria tomar banho, antes de irmos para casa. Desdobrei os papeis, e peguei um aleatoriamente. Li:                                  Collin,

            Já faz tempo que te olho com carinho.Será que você me olha assim também? Gostaria de saber. Mas ainda não quero dizer quem sou. Ten